domingo, 6 de setembro de 2009

Quantas vezes....


Quantas vezes tenho pensado em ti como quem apela para um milagre,
como que acredita que, de qualquer modo, há de recuperar, de súbito,
o tempo perdido?
Quantas vezes tenho pensado em ti como quem volta à infância,
ou como quem sai de um túnel.
Como é que podes estar em mim e ser ao mesmo tempo inatingível?

Se eu te buscasse nas nuvens,
será que te encontraria?

Estás em mim e fora de mim.
És mito e realidade, forma nítida e sombra esquiva.
Só em sonhos é que já foste meu:
só nos momentos de solidão absoluta é que realmente te encontro.


Emílio Moura

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