
BRANCOS LENÇÓIS
Sobre os brancos lençóis da nossa cama...
Tomo tuas mãos úmidas e trêmulas, 
que percorrem meu corpo, como se estivessem
lendo sobre o braille, e beijo-as como se santas fossem... 
sinto desejos, vontades, calafrios...tudo fica azul... 
mas que importa a cor do amor?.. Na penumbra, 
a luz difusa do luar que invade o quarto, ilumina a cama... 
faz-me ver fantasmas bailando ao som da tua voz 
rouca e suave que murmura sons indistintos ao meu ouvido... 
Todos os cantares desse sentimento contido, secreto, 
esperado e exasperado...Toda a angústia da espera, 
toda vontade de ficar contigo, toda vida, sempre 
tão contida, explode mil vezes dentro de mim...
derrama, esparrama e perfuma...mexe com sentimentos 
adormecidos tentando revivê-los...expõe a flor da vida...
floresta densa de palpitações, chuva fresca ao amanhecer...
orvalho beijando a folha...luz do sol que ilumina nossos dias...
Suavemente encostas teu peito nu sobre o meu...tão suave e leve! 
Parece um sonho. Aquele sonho mil vezes querido, mil vezes
desejado, mil vezes sonhado. Meus olhos procuram os teus. 
Estou louco. A loucura da música faz-me ver o que não há. 
Como ver teus olhos? São como os meus, certamente. 
Indistintos. Um tremor, mais outro...um gemido, 
um grunhindo meio choroso e quente...ouço música...
os mais puros sons que a natureza pode harmonizar 
numa escala crescente, decrescente...num subir
e descer alucinado de corpos e vozes,num balet louco 
e rítmico... tantas vezes ensaiado e apresentado 
sobre os brancos lençóis da nossa cama..
(Eduarda Weitmann) 
Beijos !!Geraldo