domingo, 3 de janeiro de 2010
Um anjo triste
Um anjo triste encostou hoje a cabeça no
meu ombro e chorou.
Fiquei sem palavras.
Como se consola um anjo?
Que perdas choraria em meu ombro essa criatura celestial?
Que dores angelicais justificariam a humanidade desse
ato inesperado aquecendo a palidez desse dia tão igual aos outros?
Nenhuma palavra destravou a minha língua,
nenhuma intuição a quebrar a minha paralisia súbita...
Às minhas costas, o anjo absoluto
e humanamente desamparado recostou a cabeça
na breve eternidade dos meus ombros
e chorou.
Senti suas lágrimas escorrerem
para dentro de mim
como uma chuva pesada e quente.
Anjo tresloucado,
tão breve,
tão necessário...
Chorava a minha tristeza.
Ainda sem palavras,
sinto o coração aquecido
por um afago angelical.
Autor Cida Almeida
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